segunda-feira, 23 de março de 2009

A demolida Torre de Chã no vale de Bestança

“Porém, na fecundidade ubérrima da freguesia dos deleites, um outro surge em Chã, a senhoril, onde a torre medieva foi devastada a camartelo, aleijando o chão com pedras que fizeram história. Crime ousado de uma terra que não soube preservar o recordo de andanças de cavaleiros, que terçaram espadas na reconquista ou no desenvolver do Império.Chã, o povoado de um historial infindo, que o presente maculou, patenteia a sua fama guerreira apenas em muros ou socalcos que protegem leivas e quintais. Com uma panorâmica de encanto, campos, com restevas, caídos para o sacolejante Bestança, nota-se ainda a majestade recuada no «modus vivendi», que tem a ancestralidade como pano de fundo, num quadro pletórico de arreganho, de meiguice, de couce às presunções do presente. Uma adornada área que goza ainda de forças para se impor e credenciar, mostrando uma beleza sem arrogância, graça rural, emérita no conjunto das humildades particulares.”


Guido de Monterey
“Terras ao léu Cinfães”, Porto, 1985, pág. 499.